28 setembro 2011

Samauma: Um Parte Importante da História


No nascimento do Lucas, citei o grupo Samauma, que se tornou muito importante no modo com passamos a ver a gravidez, o parto e a educação que queremos dar para o nosso filho.
Tudo começou de maneira despretensiosa. A Barbara queria participar de algum grupo de grávidas, simplesmente por participar. Queria poder falar sobre gravidez com alguém que estivesse na mesma situação, afinal, dizia ela, “mulher grávida quer falar sobre gravidez e talvez isso seja meio chato para quem não está na mesma situação”.
Ficamos sabendo de um grupo de grávidas que se reunia em barão através de uma amiga que tinha acabado de ter uma filha. No início fui reticente. Na minha cabeça de engenheiro, encontros desse tipo soam como grupos de auto-ajuda, um negócio meio chato. Ficava imaginando aquele grupo cheio de hippies, dançando ciranda ao final de cada encontro, de pés descalços para ficar em contato com a mãe Gaia. Não era para mim...
Posterguei o quanto pude. Mas chegou o momento de irmos. E nesse primeiro dia, foi um dia cheio. Acho que nunca havia visto tantas grávidas juntas. E, mais interessante, algumas pessoas que já tinham seus filhos, mas gostavam de ir até lá para ouvir um pouco mais sobre parto humanizado.
Parto humanizado? Que raios é isso, exatamente? Só sabia que eram a favor do parto normal. Até então, nem sabia a diferença entre normal e natural. Mas nesse primeiro dia nosso, o interessante foi ver várias mulheres e homens, dando o seu depoimento de como foram seus partos anteriores, as expectativas e problemas que passaram; e também o que queriam para o seu próximo parto.
Para a Barbara foi um dia de choque. Uma pessoa cesarista, que começa a ficar em dúvidas do que quer logo que ficou grávida, de repente se encontra em um espaço onde todos falam do parto natural e garantem que é a coisa mais maravilhosa do mundo.
Pirou total em um primeiro momento. Mas depois quis saber mais e mais, até que abraçou a causa. Para mim não foi tanto uma mudança de paradigma, mas sim de absorção de conhecimento. Nos seis meses que freqüentamos o grupo, semanalmente, faltando umas duas vezes apenas, aprendi muito, escutei muita barbaridade do que acontece no mundo da obstetrícia e muita coisa legal também.
Cheguei à conclusão que talvez parto humanizado não seja o melhor nome. Diria que parto instintivo seria melhor. O ser humano se desenvolveu por milhares de anos usando seu instinto para parir e criar seus filhos, até que nas últimas décadas fez o que faz com tudo: “humanizou”, ou seja, encheu de racionalidade e regras algo que não havia problema em ser instintivo.
A dinâmica do grupo era simples: normalmente tinha um tema a ser discutido, que começava com um relato de parto, um filme ou uma explicação. Após isso começava uma sessão de dúvidas, onde todos tinham o direito de falar e responder. A discussão era sempre guiada por psicólogas, doulas, neo-natologistas, pediatras e uma médica obstetra. Nem sempre todas estavam presentes na reunião, mas ao menos três delas estavam sempre por lá. Tudo isso sem cirandas!
A grande vantagem do grupo não foi apenas conhecer esse movimento de humanização, mas sim ter um espaço para discutir seus receios e medos; e buscar informação do que é verdade e o que não é.
Por isso, não importa se você é cesarísta, humanizado, quer ter seu parto de baixo de uma arvore ou plantando bananeira, ache um grupo que está em linha com seu pensamento e participe, busque informações, para que, na hora do parto, você esteja mais seguro, informado e confiante que TUDO o que está por vir vai dar certo. Muito certo...

29 agosto 2011

Resumo dos Acontecimentos


Ok! Ok! Eu sumi! Mas foi por uma boa razão: dedicar meu tempo ao filhote. E tem sido ótimo! Mais ou menos assim:
O Lucas nasceu no domingo e fiquei – junto com ele e a mãe – no hospital até receber a alta na quarta-feira. Fomos para a casa e emendei minhas férias na licença paternidade e pude ficar três semanas em casa, com os dois.
E aproveitei para aproveitar! Fiquei o máximo que pude com o Lucas. Troquei fraldas, dei banho, fiquei acordado de noite para fazê-lo dormir. A mãe foi trocar a fralda pela primeira vez um dia antes de eu voltar a trabalhar. Só não dei o peito, mas por razões óbvias.
E voltei. Quer dizer, voltei naquelas. Corpo no trabalho e cabeça em casa. Não via a hora de acabar o expediente e voltar para casa para ficar com ele. Agora, com quase dois meses, estou começando a me acostumar com a idéia de ficar mais tempo longe do que perto.
Mas junto com essa idéia veio a realidade de que, por mais participativo que você seja, ser pai não é ser mãe. As vezes ele simplesmente prefere ficar com a mãe ou se acalma mais rápido com a mãe. Um pouco frustrante sim, mas é só colocar a culpa nos peitos que passa: você não tem peitos com leite, então não queira ter a preferência!
Quanto ao Lucas, ele é um garoto incrível. Não dá trabalho algum. Tem seus momentos de dificuldades, lógico, mas em geral é calmo e chora pouco. Acompanhar o desenvolvimento do bebê também é muito legal. Os primeiros movimentos conscientes, o primeiro sorriso, começar a prender a atenção nas coisas...
Enfim, demorei quase dois meses para resumir em alguns parágrafos como está sendo, mas não há palavras para contar o que estou sentindo.

07 julho 2011

Um Relato de Parto Paterno

Posso dizer que o processo que desencadeou o parto começou bem antes, lá pela 35ª semana. A Barbara havia inchado muito no período de um mês. Começamos então uma investigação para pré-eclampsia.
Pré-eclampsia é uma disfunção causada pela gestação que prejudica as funções renais e faz com que aumente a pressão sanguínea. Além de pressão alta, outros sintomas são a retenção excessiva de líquido e proteína na urina. O problema da pré-eclampsia é que pode se desenvolver e, além do mal que faz a mãe, causar um descolamento de placenta e prejudicar o bebê.
Fizemos exames funcionamento do rim e mais outras propriedades sanguíneas, passamos a monitorar a pressão e verificamos o fluxo sanguíneo na placenta e no bebê. Todos os exames deram normais, a não ser por uma quantidade excessiva de proteína na urina.
A Barbara passou a ficar de repouso e fizemos mais um exame para determinar o quanto, exatamente, estava o nível de proteína na urina. E deu quase o dobro do aceitável. Resultado: a médica decidiu internar a Barbara para ter um controle mais rigoroso da pressão e começar uma indução do parto para evitar o pior – para a mãe e o bebê.
Foi um momento de sentimento dúbio: ao mesmo tempo em que estava muito feliz que a chegada do meu filho se aproximava, estava preocupado com a razão disso. Na minha cabeça, a situação não era tão grave. Nessas googladas da vida, eu havia chegado à conclusão de que se a pressão estava ok, não era um grande problema.
Enfim, nos internamos. “Nos” porque fiquei lá junto, o tempo todo. A indução começou já na sexta-feira com o descolamento da bolsa no colo do útero – uma maneira mais natural de se induzir o parto. No dia seguinte um novo descolamento. No domingo a Barbara me acordou, por volta das 4:30am, dizendo que estava em contrações durante um bom tempo.
Nos animamos com a possibilidade de dar tudo certo, sem remédios. Começamos a monitorar as contrações e durante duas horas ela manteve contrações de 5 em 5 minutos, as depois disso parou.
Chamamos a Mariana (a médica) e a Lara (nossa doula). A Mariana explicou a situação: disse que, apesar da pressão estar estável, ainda poderia disparar de repente e causar complicações. Que era melhor começar a indução com ocitocina sintética.
Começamos e, algum tempo depois, vieram as primeiras contrações. Nessa hora, estávamos eu, a Mariana, a Lara e a Dorothe (outra doula) no quarto, todos com a atenção voltada para a Barbara e o Lucas, que também estava sendo monitorado. Eu, na espera que tudo desse certo, de que logo poderíamos ter nosso filho ao nosso lado.
Mas o Lucas, sempre preguiçoso, não estava a fim de se animar. Quando a mãe tem uma contração é esperado que o bebê reaja, que se mexa de alguma maneira e, apesar de batimentos cardíacos constantes, o Lucas ficava quietinho, quietinho, se mexia muito pouco. Tentamos animá-lo falando com ele, colocando alarme, música, mas todas essas coisas apenas o mantiveram acordado, mas não se mexendo.
Depois de algum tempo insistindo a Mariana nos falou que era melhor partir para uma cesárea. Que o Lucas não estava reagindo e que era melhor não arriscar. Foi como uma bomba, uma descarga de sentimento e emoções intensas.
A Barbara, até o início da gravidez, dizia que teria uma cesárea marcada. Que entraria sem sentir as dores do parto, tiraria a criança e iria para casa. Ela passou por um processo de angústia por estar em dúvidas de qual tipo de parto seria melhor. E se encontrou em um grupo de grávidas que defende o parto humanizado, o Samauma (mas vou deixar um post especial para explicar isso). Enfim, a cabeça dela se transformou de cesárea para parto natural hospitalar. Acho que ela merecia esse parto que ela digeriu, elaborou e planejou e a cesárea necessária tirava essa possibilidade.
E, do outro lado, estava o bem estar do meu filho. Minha cabeça ficou a mil com a possibilidade dele não estar bem, de ter algum risco para ele. Tudo o que eu queria era ele logo no meu colo.
Fomos para a sala de cirurgia e enquanto preparavam a Barbara liguei para os pais dela para avisar que o Lucas nasceria e também para minha mãe. Foi um momento de desabafo e de tirar o peso dos ombros. Estava segurando as pontas até então e um colo de mãe era o que eu precisava para passar por aquilo mais tranqüilo. Mesmo que por telefone.
Fui autorizado a entrar na sala de cirurgia somente após a Barbara já estar anestesiada e a cirurgia ter começado. Ela estava nervosa e tentei acalmá-la como podia. Não demorou muito e o anestesista falou que eu podia levantar que eu veria meu filho. Eu estava tenso, acho que queria ouvir um choro. Hesitei mas levantei no exato momento em que ele era retirado da barriga da mãe e soltava um sonoro choro.
Me enchi de lagrimas, de alívio e felicidade. Indescritível o que senti naquele momento. A pediatra, Ana Paula, o pegou e trouxe direto para nós e ele ficou ali por um tempo, deitado sobre a Barbara e com a cabeça na minha mão. Depois de um tempo ele foi levado para primeiros cuidados e fui junto, fiquei com ele lá, no meu colo, só me apaixonando.
Voltei com ele para a Bá, para que ela pudesse vê-lo mais um pouco. E ficamos por ali. Quando a cirurgia estava para acabar fui junto da pediatra para fazer as medidas dele de peso e comprimento: 4170g e 52 cm, um meninão! Vesti ele, junto da Ana Paula e, quando terminamos, ela o levou para ficar com a Barbara na sala de recuperação.
Eu voltei eufórico para o quarto. Feliz e aliviado que tudo tinha dado certo e que eu tinha um filho lindo e saudável para criar e paparicar.

05 julho 2011

Chegou!!!

Lucas nasceu no dia 03 de Julho, as 6:15pm, com 4170g e 52cm.
Um meninão para alegrar nossas vidas.

01 julho 2011

Estar Grávido...

Estar grávido é muito mais que estar esperando um filho.
É sentir uma felicidade indescritível quando se tem a notícia que vai ser pai.
É acompanhar de perto o desenvolvimento do bebê e o bem-estar da mãe.
É se emocionar quando ouve pela primeira vez o batimento do seu filho.
É estudar, discutir e tentar entender o que é normal e o que não é, durante a gravidez.
É ficar extasiado todas as vezes que consegue sentir seu filho mexendo ainda na barriga da mãe.
É discutir com será o parto e qual a melhor maneira de fazê-lo para a mãe e para o filho.
É participar do parto com pode, até ter seu filho no colo.
É, após o término do período de gravidez, olhar para a mãe e dizer: “Conseguimos!”.

30 junho 2011

O outro lado da moeda


Acho que assustei um pouco aquelas que nunca ficaram grávidas com meu último post. Vale destacar novamente que nem todos esses fenômenos acontecem com todas as grávidas, muito menos ao mesmo tempo.
A verdade é que a gravidez – sem clichês – é um momento mágico. Mágico, não pela aquela magia de estar grávida, mas sim pelo fato de ter uma pessoa crescendo dentro de você.
É um fato incrível. Essa pessoa se desenvolve, cresce, forma as primeiras conexões neurais, mieliniza movimentos, tudo dentro da mãe e dependendo da mãe para sobreviver.
A mãe tem o primeiro contato verdadeiro com o filho e esse contato se torna uma conexão que se prolonga após o nascimento. Resta a nós pais, estarmos por perto, bem perto, para tirar os nove meses de atraso e conseguirmos o mesmo.

17 junho 2011

Eu tiro o meu chapéu para...

Para quem você tira o chapéu?

Eu tiro o meu chapéu para as mulheres que trabalham até o dia de parir. A gravidez traz uma seqüência de possíveis acontecimentos fisiológicos que não são para qualquer um.
Começam pelos famosos enjôos no início da gravidez que vão desde simples indisposições a freqüentes abraços no Zé Bocão. Passam os enjôos e a espreita ficam os gases, depois as azias, prisões de ventre e hemorróidas. A pressão é uma preocupação constante, do início ao fim, mas nem sempre se altera. Sem falar no controle alimentar e de peso e inchaços por retenção de líquido. E sono, muito sono. Coitada daquela que passa por todos esses eventos.
Me faz pensar sobre a duração da licença maternidade. O problema não é só o tempo que teria para ficar com o bebê recém chegado, mas realmente trabalhar produtivamente até o fim. No final, os quatro meses de licença quase sempre são tirados antes da hora, para poder descansar e relaxar.
Corrigindo: eu tiro meu chapéu para todas as mulheres grávidas!

15 junho 2011

Está chegando a hora

Estou grávido de 36 semanas, está chegando a hora! Talvez a criação do blog tenha sido um pouco tardia, várias coisas que se passaram seriam interessantes de ser compartilhadas. Mas vou tentar colocar o assunto em dia.
A gravidez foi planejada, sem acidentes. Estávamos morando na Índia se já queríamos voltar ao Brasil grávidos.
Começamos os preparativos em Março, começando a tomar ácido fólico para ajudar na formação do bebê (sim, mesmo antes de estar efetivamente grávidos). Mais ou menos em Junho minha esposa parou com o anticoncepcional, mas só fomos tentar mesmo engravidar mesmo em Setembro. E funcionou! De primeira! Fiquei muito orgulhoso dos meus nadadores e muito feliz com a notícia.
Contamos para a família apenas após a confirmação, já no Brasil, do exame de ultra-som. Eu, ainda longe, pude ouvir pela primeira vez o coração do meu filho, acelerado, assim como o meu naquele momento.
No início desse ano começamos a freqüentar um grupo de grávidas - o Samauma - muito despretensiosamente, mas que nos ajudou muito. Mas vou deixar esse assunto para um capítulo dedicado.
Soubemos o sexo apenas com 20 semanas de gravidez e pude ver na hora: um menino. Depois de muitas sugestões e discussões de nomes decidimos: será Lucas.
Já passamos pela compra dos móveis para o quarto dele, pelo chá de bebê e, acredito eu, estamos preparados para recebê-lo.
Não tenho ilusões de que será fácil, mas também não acredito que vai ser impossível. Será real: mais fácil do que podemos agüentar e mais difícil do que gostaríamos.